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Eu consigo abraçar.
Eu ainda consigo abraçar.
Desde que eu voltei para Porto Alegre, em 2012, que eu tenho perdido a esperança de abraçar.
Pois dia 26 de Abril de 2014, talvez exatamente dois anos depois do último abraço que havia dado e recebido, eu abracei novamente.
Porque eu só considero válido o que as pessoas talvez chamem de “abraço realmente verdadeiramente sincero”. Para mim, só é abraço se for “realmente e verdadeiramente sincero”. Os outros contatos físicos travestidos de abraço superficiais e formais, não se configuram como abraço para mim.
Talvez eu esteja sendo radical demais. Talvez os abraços que eu troquei em 2013, principalmente com pessoas relacionadas à Biodança tenham sido efetivamente “abraços”.
Posso então separar estes “abraços” em pelo menos três categorias.
A que me interessa é aquela que eu tinha plenas capacidades de manifestar, dos meus 18 aos meus 23 anos, e que dos 23 aos 26 anos eu não tinha mais experimentado.
Meu abraço “verdadeiro” tem consequências inexprimíveis e inexplicáveis.
Quem já recebeu este abraço, sabe.
O que chamou a minha atenção é que desta vez eu tive a comprovação empírica e irrefutável de que realmente, sem possibilidade de dúvida, não tem como eu abraçar sozinho.
Lei
Não tem como eu abraçar alguém sem ser abraçado.
E agora eu tenho propriedade e autoridade para afirmar isto. Isto significa que não existe, nunca existiu e nunca existirá alguém com capacidade de afrontar esta minha lei: não tem como eu abraçar alguém sem ser abraçado.
Não se trata de uma convicção, uma opinião pessoal, um ponto de vista. É uma força que não é minha, esta afirmação não tem como ser destruída pela minha vaidade, minha inteligência, minha força física, etc. Quem tentar afrontar isto não está me afrontando, é uma lei superior esta.
Experiência e corroboração
Como ensaio para corroboração, porque eu sou cético e só acredito vendo, eu afrontei um indivíduo na rua, em tom de ameaça afirmando que eu iria abraçá-lo. Com meus olhos saltados, com o queixo levantado, entoando a frase “-Qualé que é negão? Tu quer que eu te abrace também? Eu vou até aí e vou te abraçar, tu vai ver só! Fica na tua aí, negão.”, obtive como resultado sinalização de respeito e reconhecimento de autoridade.
Em outra ocasião, solicitei explicitamente por escrito para determinada pessoa que estava em postura de bloquear e repudiar todo e qualquer contato comigo, que eu tinha a intenção de abraçá-la e solicitei permissão para fazer isto. Consegui com isto abertura total para abraçar, e porque eu sinto a energia, enxergo os pensamentos e etc. e tal, posso afirmar com certeza que a autoridade do meu abraço foi respeitada.
Autoridade
Eu tenho a impressão de que minha autoridade não tem como ser vinculada com a minha vaidade ou com qualquer intenção que eu possa ter alheia à vontade da força que me permite abraçar e ser abraçado.
Isto significa que eu simplesmente não tenho como usar o poder do meu abraço para fazer o que eu quiser. Não tem como eu usar o poder do meu abraço para obter qualquer tipo de vantagem, benefício, malefício ou desvantagem.
A força que me permite abraçar e ser abraçado não está interessada no que eu penso, no que eu quero ou no que eu entendo ou interpreto. De fato, eu estou aqui neste momento perplexo, observando atentamente minhas mãos digitando no teclado com pouca ou nenhuma intervenção minha. É psicografia moderna.
Benefício pessoal
Me acalma, me agrada e me conforta saber que está além do meu controle este fluxo de abraços. É bom saber que eu não tenho poder real de afronta e não posso obstruir este fluxo. Isto significa que ninguém além de mim também tem poder real de afronta.
Eu abraço, sou abraçado e não há autoridade alguma capaz de reprimir isto. O abraço é a lei e quem não concorda vai ter que se acostumar com a ideia, porque não tem o que fazer para mudar esta realidade.
Eu admiro, valorizo e ando junto com poderes que não podem ser destruídos pelo ego e pela vaidade.
Preciso dizer que eu estou apaixonado por quem me abraçou?
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#Abraço, #Amor, #Paixão